Martin Scorsese prepara-se para sair da cidade que é simultaneamente cenário e tema dos seus filmes, Nova Iorque, e, no próximo, sobe um pouco para norte, ao longo da costa Este, local de chegada dos imigrantes europeus, até Bóston, para nos apresentar mais uma estória de gangsters.
O filme, The Departed, marca o regresso de Scorsese à temática da máfia, depois de em 1990 ter realizado a verdadeira obra-prima GoodFellas/Tudo bons rapazes (que, juntamente com a trilogia The Godfather/ O Padrinho de Francis Ford Coppola e Funeral de Abel Ferrara, é o melhor filme de sempre sobre a máfia) e o menos interessante Casino.
The Departed tem estreia marcada para Outubro 2006. Na foto, Jack Nicholson, durante as filmagens, na pele do chefe mafioso Frank Costello.
[Há já alguma, pouca, informação no indispensável Rotten Tomatoes].
Teremos sempre o Brasil, um país diferente, muito bonito e muito feito em simultâneo na mesma cidade e na mesma rua. Um país com muita riqueza e muita pobreza. Um país sobredimensionado e de excessos. Um país com grandes tradições populares mas cosmopolita. Teremos sempre o Brasil, um país admirável.
Olinda, Brasil, 2006
Não concordo com a ideia do escritor angolano José Eduardo Água Lusa quando diz que o Brasil é o exemplo de um país onde o racismo venceu. Não concordo de todo, embora a ideia tenho algo de verdade: de facto, quem mais pede nas ruas e quem mais habita as favelas é a população negra e mestiça. No entanto, sente-se em toda a parte uma perfeita e até bastante invulgar harmonia e convivência entre raças. Visível nas ruas, nos bares e restaurantes, entre os moleques que jogam à bola, e nos namorados que se beijam.
Talvez porque, como dizia um amigo brasileiro, o que de melhor fizeram os portugueses com o achamento no Brasil foram as mulatas, e, por causa delas, acrescenta, não há racismo possível.
O que impressiona nas cidades sul americanas é a coabitação lado a lado de bairros de lata com a mais bela arquitectura. Muito pós-moderno, portanto.
As favelas têm pouco, muito pouco, de romântico.
Se à noite entrares num bar que durante o dia funciona como garagem de reparação automóvel e nas colunas gritarem os Sex Pistols, estás no Recife.
Acho que gosto de São Paulo
Gosto de São João
Gosto de São Francisco e de São Sebastião
Legião Urbana, Meninos e meninas, 1987
Desde a noite de ontem, terça para quarta, São Paulo voltou a estádio de sitio. A razão é a mesma do passado mês de Maio: a intenção do Governo Estadual de S. Paulo de colocar 8 prisioneiros em prisões de alta segurança, e tirar-lhes alguns direitos (receber visitas privadas, etc.). Entre estes está Marcola, considerado o criminoso brasileiro mais perigoso. Surge aqui o PCC - Primeiro Comando da Capital- grupo que, recebendo ordens de prisioneiros (directamente de Marcola, diz-se), começou a causar o terror nas ruas, atacando carros da policia, autocarros, ambulâncias, lojas, bancos, sindicatos, tudo que crie desordem. Hoje de manhã, em directo na TV, via-se de helicóptero o campo de batalha da noite passada noite. E via-se o caos. As empresas de camionagem, em protesto contra os ataques que foram alvo (46 autocarros foram atacados desde terça-feira) não circulavam (somente 2 empresas o faziam ainda). Nas ruas milhares de pessoas apeadas, em protesto pela ausência de transporte público, cortavam avenidas aos automóveis. Discussões aqui e ali. Uma cidade parada em hora de ponta. Carros queimados. Casas queimadas. Bairros de lata. Nesse instante, o reporter informa que foi encontrado mais um carro da policia atacado num bairro a sul da metrópole. O helicóptero segue para o local.
[Adenda: a revista Veja apresenta excelentes reportagens e entrevistas sobre violência urbana e crime organizado. Explore-se aqui]
Os que defendem que a lingua portuguesa de Portugal e do Brasil sâo iguais mereciam um teclado como este. De prémio.
Olinda, Brasil, 2006
Caipirinha
Ingredientes:
1 lima pequena casca fina
2 colheres de chá de açúcar amarelo
1 dose de cachaça (1/3 a 1/2 copo de shaker)
Gelo picado
Modo de preparo:
Lave muito bem a lima e corte-a em quartos. Caso seja uma lima das maiorzinhas coloque somente dois quartos, senão coloque quatro. Esprema com ajuda de um pilão de almofariz. Junte então com o açúcar, num shaker. Adicione a cachaça, e misture bem. Junte então o gelo picado e agite. Sirva num copo largo com uma palhinha cortada ao meio e envolto num guardanapo de papel, porque o copo vai ficar gelado.
[Há muitas formas diferentes de preparar caipirinha. Esta até é a mais "portuguesa", pela utilização de açúcar amarelo (pouco usual no brasil). Ver mais aqui.]
Recife, Brasil, 2006
Área metropolitana do Recife, gente na rua, gente na praia, gente jogando bola. Olinda, gente na rua, gente na praia, gente jogando bola. Crianças muitas, velhos muitos. Brancos, pretos, mestiços. Homens, mulheres. Alguns em tronco nú. A trabalhar. A passear. A pedir dinheiro. A vender água de coco e outros sucos. A vender bonés. A lavar vidros de carros nos semáforos. [Lembro-me da Adriana: “Carioca não gosta de sinal fechado”]. Mulheres bonitas e feias. Mulheres pintadas. Crianças descalças a jogar à bola em campos mal arranjados (esta criançada merecia a copa).
Pergunto: quando terá sido o baby boom nesta terra?Farto do calor do verão português, dou um salto ao Brasil. Aqui pelo menos é Inverno. Inverno estranho, mas Inverno.
Os meus links