Existe um homem que tem o costume de me dar com um guarda-chuva na cabeça (o conto aqui).
Leite achocolatado é melhor que Gatorade (ler aqui, via ASS).
Making of a massacre (a não perder esta reportagem sobre o massacre da Virginia Tech. Já agora, também o manifesto).
E, bem a propósito, este post Com o dedo não, que é feio (ver os vídeos).
Viena, 2007
Funny Games, Michael Haneke, 1997
Há dez anos descobri Funny Games e o então desconhecido (para mim) Michael Haneka. A filmatografia austríaca (o filme, na verdade, também tem produção alemã) era na altura uma total novidade e este filme foi demasiado forte e belo e assustador para eu parar por ali. Haneke representa hoje para mim, juntamente com Lars Von Trier, o melhor do cinema europeu.
Funny Games é mais ou menos isto: uma família classe média de Viena vai passar uns dias de descanso à sua casa de férias nas margens de um lago, na bucólica Áustria rural. A sua casa vão ter dois simpáticos jovens vestidos de branco - calções, camisola e luvas brancas – que, supostamente em nome de uma vizinha, lhes pedem ovos emprestados. A partir daí desencadeiam-se uma série de acontecimentos trágico-cómicos onde tudo se vai resumir na pergunta: Vamos fazer um jogo com a vossa família e apostamos que no final do jogo vocês estarão mortos - vale a aposta?
O filme é psicologicamente perturbador e Haneke não pára de manipular e brincar com tudo e todos. Toda a estória se desenrola num determinado sentido e, mesmo quando há algo que aparentemente parece fugir ao grande desígnio, simplesmente faz-se um fast rewind ao filme e a normalidade prossegue. Na verdade, os Funny Games são com o espectador, a quem a dado momento se pergunta: por quem estão a torcer? Aposto que pela família.
Funny, isn’t it?
A
De Áustria. País que no início do Sec. XX era um importante império, agora é um estado europeu de pequena/média dimensão, com 8.280.703 habitantes, 8.280.702 dos quais músicos.
C
Cangurus. Não há. Sim, na Áustria não há cangurus. Confuso?
E
Energia. Os austríacos são um povo calmo mas com muito power. Por isso criaram a Red Bull. Por isso também bebem energie wasser. No fundo de uma caneca de água (normalíssima) estão depositadas três ou quatro pedras coloridas, em forma de ovo, que se acredita passar propriedades energéticas para a água.
(conselho: não se deve ingerir as pedras).
F
Fronteira. Na Áustria estás sempre perto de diversos países. O país faz fronteira com oito estados. Sim, o Liechtenstein também conta.
H
Haider. Jörg Haider é o líder de extrema-direita anti-semita que há uns anos assustou a Europa ao colocar o seu partido no Governo. Actualmente, a sua importância resume-se ao governo regional da rural Carinthia.
M
Música. Neste país há música no ar, não dá para ficar indiferente. No avião, quando aterramos, no comboio, no metro, na rua, pelas imensas referências a músicos e à música por toda a cidade. Pelas monumentais salas de espectáculos que habitam Viena. Pelos hippies que, vestidos de fato e gravata, tocam violino nas ruas, onde também se vendem bilhetes para a ópera como em Portugal cautelas de lotaria.
Mulheres. Pois…
O
Organização. Aqui tudo funciona de forma demasiado ordenada e organizada. No trânsito e na fila para o pão. Se falarmos de ordenamento do território e de cidades, até apetece destruir um pouco para nos sentirmos mais à vontade.
R
Rural. Se retirarmos Viena, Linz, Graz e Salsburgo, o restante território é profundamente rural e agrícola ou montanhoso (Alpes).
Z
Zipfer. Cerveja Zipfer. Provem do veneno e digam algo.
O mozart que me tenta vender bilhetes para a ópera entusiasma-se quando percebe que sou português, mostra-me que traz música da Amália no mp3 e pede-me mais nomes para juntar à Amália e Mariza.
Viena, 2007
Monumental, rica (45% do PIB do país), cara, elegante, cosmopolita e muito orgulhosa de si, Viena é hoje uma cidade construida a partir de arrojada arquitectura moderna e contemporânea e monumentais edifícios que resistiram às guerras. Há imensos parques com árvores e gente. Pessoas bonitas aproveitam o sol e bebem cerveja nas esplanadas. Homens de fato e gravata transportam-se de bicicleta. Outros em segways. Estudantes de música transportam violoncelos nas costas. Nas ruas vende-se bilhetes para a ópera e nos sinais de trânsito é possível comprar jornais pendurados em engenhosos sacos de plástico. Os bares à noite estão cheios de gente de todas as idades e nacionalidades. Harmonia.
Aquela noite não podia mesmo correr muito bem. A. envia-me por SMS todos os detalhes do maldito jogo: o glorioso acabava de ser eliminado da UEFA por um clube insignificante (quando me falaram que íamos jogar contra o “Espanhol”, pensei que era a selecção dos gajos). Zero a zero. Como é possível? Nem o Simão nos valeu. Nem o Mantorras conseguiu marcar. Aposto que o burro do engenheiro só o meteu a poucos minutos do fim. Besta.
Logo após esta notícia desloco-me para a Eslovénia, cidade de Gornja Radgona. Se não há razões para celebrar, beba-se sem razão alguma. Vamos num pequeno grupo e o objectivo é claro: encontrar um bar onde se beba Lasko Pivo, que T. me garante ser uma óptima cerveja. M. também quer ver “com os próprios olhos” a importante linha de comboio comunista actualmente sem uso. Caminhamos na cidade austriaca de Bad Radkersburg ao longo da fronteira que durante a Guerra da Jugoslávia era fortemente guardada por militares mas agora só resta a polícia e a profundidade do rio. Alguns do nosso grupo já estão demasiado ansiosos para a se orientarem naquelas horas, contornam o posto de polícia fronteiriço, e voltam para a Áustria, pensando que estão a entrar na Eslovénia. O posto fronteiriço no meio das faixas de rodagem da ponte engana-os. Entramos na Eslovénia. Uma rua, duas, um largo, três ruas, tudo fechado, ninguém nas ruas, casas degradadas, cinzentos blocos de habitação soviética, luzes apagadas, uma loja de electrodomésticos com neons, parece uma cidade deserta, um carro passa a buzinar, nenhum bar aberto e nem é muito tarde ainda e nós estamos com muita sede. Caminhamos mais um pouco mas a realidade não muda. Desistimos. Definitivamente, nada de Lasko Pivo. O mundo é injusto. Voltamos para a Áustria porque lá há cerveja.
E o Rui Costa jogou bem?
A saqueta do detergente lava roupa traz instrucoes estampadas:
1. Retirar a roupa do corpo;
2. Colocar água quente num recipiente;
3. Juntar o detergente à água;
4. Juntar a roupa.
Que te entregam porque estás em Viena mas a tua bagagem desapareceu algures num aeroporto:
. 1 t - shirt;
. 1 escova de dentes;
. 1 pasta de dentes colgate (18 ml);
. 1 máquina de barbear;
. 1 espuma de barbear:
. 1 escova de cabelo/ espelho (artefacto muito engenhoso - percebe-se que é alemão)
. 1 champoo Neutrogena (30 ml)
. 1 roll on nivea;
. 1 saqueta com detergente para lavar roupa.
Hoje é exibido, no canal norte-americano HBO, o primeiro dos The Final Episodes da melhor série de TV de sempre - Os Sopranos. Conto os dias até chegar cá.
Uma quadrilha chinesa que roubava carros na cidade de Tianjin, no norte da China, operava com uma estrutura de empresa, estava organizada em departamentos e era liderada por um director-geral.
Este grupo de assaltantes, desmantelado esta semana pela polícia local, tinha ainda um subdirector administrativo que supervisionava os três diferentes departamentos da empresa: o departamento de treino, o departamento de roubos de carros de marca Santana, especializado no roubo de carros de turismo de três volumes e o departamento de assaltos aos Xiali, que roubava apenas estes pequenos utilitários urbanos.
Sevilha, 2007
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