Ingmar Bergman (1918-2007).
Verifiquei hoje no hipermercado que o fio dental apresenta agora a designação de fio dentário.
M. é brasileiro, arquitecto e investigador em renovação urbana. Já trabalhou para uma ONG (“Ongue”, como diz) nas principais favelas do Rio, a tentar criar urbanismo naqueles morros. E fala com muita alegria dessa experiência.
Encontro-o pela segunda vez. Continua afável, sempre muito interessado por tudo e sorridente.
Ao almoço pede polvo. Que adora. M. nunca come carne (por opção, não por religião, diz-me). Ele é judeu. Pergunta-me se ainda há muitos judeus
Conta-me então que ele descende de judeus da Península Ibérica que fugiram durante a inquisição. Exilaram-se na Holanda no sec. XVII. Depois, no sec. XIX, foram para Cracóvia, na Polónia. Daí o apelido que transporta, Olender, forma como ficaram conhecidos na altura os judeus que vinham da Holanda.
Depois, durante a II Grande Guerra, foram de Cracóvia para o Brasil. Os que conseguiram.
Da família dele só sobreviveu o pai e dois tios. Os restantes foram vítimas do nazismo. O pai de M., entretanto já falecido, nunca lhe contou sobre o que se tinha passado. Não gostava de falar sobre o Holocausto e não queria que o filho soubesse sobre o que o próprio pai tinha passado.
M. lembra-se de, em criança, perguntar ao pai o que era aquela letra A seguida de uma série de algarismos que transportava no braço, e o pai lhe responder: sabes, filho, uma vez, há muitos anos atrás, escrevi aqui um número de telefone de uma amiga e a caneta era tão boa tão boa que o número nunca mais saiu.
O A, soube M. depois, era de Auschwitz.
A Wikipédia, com todos os problemas que possa ter (de manipulação e credibilidade), é já uma instituição dos nossos tempos. Agora têm surgido de novos Wikis, como o Wikicionário.
Descobri recentemente o Wikisource - "a biblioteca livre" - que é uma base de dados de textos originais que estejam em domínio público.
E há lá verdadeiras preciosidades, como a genial prosa do Pessoa em "O banqueiro anarquista" (texto completo). A explorar.
Estas palavras são certíssimas. Acho mesmo que se deveria pagar uma viagem pela Europa aos nossos autarcas quando eleitos. Para apanharem um pouco de ar.
Sou do tempo em que, logo no início de Julho, quando se chegava a casa pelo fim da tarde, se podia assistir na televisão a bravos combates entre os bombeiros e imensas labaredas de fogo. Via-se a população assustada, aos gritos e a correr com baldes de água. Os mais valentes ameaçavam mesmo “queimar numa fogueira quem pegou fogo à floresta”. Havia sempre os directos e os resumos do dia.
Era bom até porque a Liga de futebol estava parada.
Este ano, não sei o que se passa, mas isto anda pobre. Muito pobre mesmo.
Apresento-vos John Smeaton, um herói dos tempos modernos. John Smeaton trabalha nos serviços de bagagem aeroporto de Glasgow e foi ele quem evitou que os atentados contra o aeroporto alcançassem outras proporções. Basicamente, durante um cigarrete break assistiu e uma cena em que dois sujeitos saídos de um carro em chamas (que havia sido lançado contra o aeroporto) agrediam um polícia. Não achou correcto, e foi-se a eles: forte soco da direito, outro da esquerda, de nova da direita, e outro, e mais outro, até que conseguiu “imobilizar” os senhores, sem nunca ligar ao que estes diziam - “Allah!, Allah!” - quando eram atingidos. Ficaram tão maltratados que nem conseguiram accionar o cinto de bombas que transportavam.
Vale a pena ler esta notícia.
Já há site de homenagem ao nosso herói e venda de merchandising. E até já o comparam ao super homem.
(via 31 da armada)
Comecei este blog, há pouco mais de um ano, com uma estória em cinco actos intitulados “astonishing urbana fall”(ver aqui os posts). Era sobre Minoru Yamasaki, um arquitecto cujas coincidências da vida e obra me pareciam, no mínimo, arrepiantes de tanta beleza e significado. Estranhamente, era completamente desconhecido em Portugal e ignorado pelos media.
Agora, Rui Tavares lança um livro sobre esta figura. Chama-lhe "O Arquitecto", e é uma adaptação da estória deste personagem para teatro. O Público escreve sobre o livro e sobre coincidências trágicas da obra deste arquitecto (as mesmas que refiro nos posts) “Este conjunto de achados e coincidências transformam em nada menos que genial o achado de Rui Tavares” (Y, 6 Jul 07, p.49).
Eu também acho.
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